5º Domingo do Tempo Comum: “Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim!”

LEITURAS: Jó 7,1-4.6-7 / Sl 94 / 1Cor 9,16-19.22-23 / Mc 1,29-39

No mundo da Bíblia existiam crenças em espíritos maus que atormentavam as pessoas. Aos poucos o povo hebreu foi assimilando a ideia de que estes espíritos eram “demônios” caracterizados pelo orgulho e pela luxúria e que, por serem espíritos maus, arrastavam as pessoas para o pecado e provocavam as doenças nelas. Além disso, muitos problemas psiquiátricos eram atribuídos aos demônios. Quando Jesus começou a sua pregação ainda existia esta ideia e, por isso, quando Ele cura uma pessoa Ele está expulsando um demônio e, ao mesmo tempo, perdoando os seus pecados. São muitos os casos em que vemos Jesus atuando para libertar as pessoas de doenças e perturbações. Todos são lidos como um combate de Jesus contra o “príncipe dos demônios” que termina em vitória do Reino de Deus.

Para São Marcos Jesus começa a sua missão em Cafarnaum, na Galileia, e vai à casa de Pedro. Era sábado, eles saíram da sinagoga e Jesus curou a sogra de Pedro que estava com febre. O gesto de Jesus causa indignação nos mestres da Lei porque Ele não observa os preceitos e faz um milagre no sábado. O povo, no entanto, leva os seus doentes para Jesus. O núcleo do texto evangélico deste Domingo é que “Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios”. É o início de sua missão de pregar a Boa Nova e construir o Reino de Deus que vence os poderes deste mundo. É bom notar que Jesus conjuga oração e missão, pois Ele age com a força do Espírito que recebeu do Pai e é obediente ao Pai que quer libertar todos os seus filhos e filhas que enfrentam luta e sofrimento neste mundo, como vemos o lamento de Jó na primeira leitura.

Jó pensa que o sofrimento é por causa do pecado e é um castigo de Deus. No entanto, Jesus mostra que Deus é misericordioso e não deseja o sofrimento aos seus filhos e filhas e sim a vida plena e a felicidade. É o Deus aclamado pelo salmista que “conforta os corações despedaçados, ele enfaixa as suas feridas e as cura” e reconhecido na ação de Jesus.

Jesus anuncia que deve pregar “em outros lugares, nas aldeias da região” e vai por toda a Galileia. O seu anúncio é o do Reino de Deus, por isso ensina, faz curas e liberta as pessoas dos males. Os discípulos vão com Ele. Depois de ressuscitado, Jesus os envia pelo mundo onde deverão também ensinar, curar e libertar as pessoas dos males. É o testemunho que vemos na segunda leitura, em que São Paulo sente o dever da missão sem esperar retribuição neste mundo. Assim também deveriam agir todos os cristãos de hoje: discípulos missionários que estão a serviço do Reino de Deus, do Evangelho e de cada irmão e irmã que enfrenta sofrimentos.

Frei Valmir Ramos, OFM