4º Domingo do Quaresma: “Este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado!”

LEITURAS: Js 5,9a.10-12 / Sl 34,2-7 / 2Cor 5,17-21 / Lc 15,1-3.11-32

O evangelista Lucas é o único que traz esta parábola conhecida como a “parábola do filho pródigo”. Jesus contou esta parábola para responder aos fariseus e escribas que estavam murmurando contra Ele, pois Jesus recebia os pecadores e aceitava tomar refeição com eles. Para os fariseus isto era um escândalo, uma vez que eles se consideravam “santos”, “puros” e “escolhidos” por Deus. Então Jesus ensina que Deus é um pai e mãe ao mesmo tempo, que ama cada filho e filha, respeita a liberdade de cada um e usa de misericórdia sempre esperando que se convertam.

O filho pródigo é imagem daqueles que querem fazer a própria vontade e deixam de seguir a vontade de Deus. No caso do filho mais novo, que na parábola esbanja os bens materiais de sua herança, enquadram-se todos aqueles que não seguiam os preceitos da Lei judaica. Podemos identificá-los com os pecadores que estavam indo ao encontro de Jesus e abraçando uma nova vida, longe do pecado e empenhada em construir o Reino de Deus. Já no caso do filho mais velho, que na parábola não aceitou que o pai perdoasse seu irmão, enquadram-se os fariseus, os escribas e os saduceus que se gabavam se serem “justos”, pois observavam os preceitos da Lei. Acontece que eles se esqueciam que a Lei maior, o amor, é também misericórdia. E Deus é misericórdia.

A ação do pai, que poderia dar o nome à parábola como sendo a “parábola do Pai misericordioso”, é uma reação baseada no amor e na misericórdia. Ele corre ao encontro do filho que retornou, “voltou a viver”, “foi reencontrado”, abraça-o, beija-o e pede que façam festa. O que o pai diz a este filho? Nada! Nem pergunta por quê e em que gastou a herança. Isto não importava diante da conversão do filho. O pai reconhece a conversão do filho e devolve a dignidade àquele que tinha optado por abandoná-lo.

Hoje os cristãos são chamados a viver a misericórdia “como o Pai celeste é misericordioso”. Isto significa agir também com o coração e não apenas fazendo as contas com as coisas materiais e impondo moralismo para outros viverem. O Papa Francisco insiste que a própria Igreja precisa agir com misericórdia e estar sempre aberta aos filhos e filhas de Deus. A arrogância de quem se considera “justo” e “santo” sem perdoar os irmãos é quebrada pela ação misericordiosa de Deus que perdoa sempre o seu povo, como vemos na 1ª leitura, e “nos reconciliou consigo em Cristo”, como escreveu São Paulo aos Coríntios.

Frei Valmir Ramos, OFM